“O reaproveitamento inteligente de produtos e materiais, com eficiência e produtividade, é sem dúvida a única saída para a sociedade atual, sob pena de se “afogar” em “lixos” de todas as espécies.”
Afirmar que vivemos em um mercado crescentemente competitivo é cair em lugar comum, pois as evidencias estão por toda parte. O nível de informações permitido pelos atuais meios de comunicação sobre todas as atividades humanas tem se traduzido em impactos importantes sobre as atitudes e expectativas das empresas e de seus clientes, sejam clientes nas cadeias de suprimentos ou consumidores finais. A discutida globalização subsequente aos anos 80 contribuiu para o aumento exponencial das quantidades de produtos fabricados e distribuídos em todos os micros segmentos de mercados em todas as partes do mundo. Da mesma forma criou uma busca incansável por inovações e diversificação dos produtos, resultando em ciclos de vida mercadológica cada vez menores. Como resultado, tem-se um volume cada vez maior de produtos retornados, seja para reuso, remanufatura, reciclagem, seja para a correta destinação final. A logística reversa é a área da logística empresarial que fecha o ciclo dos fluxos logísticos empresariais tradicionais, na garantia da denominada “economia circular”, ocupando-se com os diversos fluxos de retorno de mercadorias e materiais. O retorno de produtos não consumido é considerado parte da atividade da empresa enquanto o de produtos usados, embora devesse, nem sempre o é. De forma objetiva: o tempo decorrido entre a transação de venda e o retorno do produto usado durável é normalmente longo; os produtos ou matérias primas recuperadas concorrem no mercado, direta ou indiretamente, com os produtos ou matérias primas originais, evidenciando conflitos de interesses de intensidade variada; a responsabilidade pelo equacionamento da Logística Reversa do retorno de produtos usados é “difusa”; ter componente de valor agregado alto torna o retorno espontâneo, nos demais casos sugere-se intervenção de legislação; o custo das operações de retorno de produtos usados é alto; entre outros aspectos*. No Brasil são visíveis as dificuldades para o desenvolvimento da Logística Reversa de pós-consumo. Sugere-se aqui alguns caminhos, parcialmente já trilhados por alguns setores campeões naquilo que depende de soluções internas: introduzir o reaproveitamento dos componentes e materiais na estratégia empresarial evitando armadilhas de disrupturas de mercado; como corolário teríamos maior escala de empresas de reaproveitamento com tecnologias e custos melhores, além da garantia de mercado para os produtos reaproveitados e geração de enorme quantidade de empregos; divulgação da PNRS e dos acordos setoriais, pelo governo e empresas em geral, permitiria maior participação do cidadão nas diversas estratégias logísticas adotadas além de mitigar os efeitos de preconceitos, empresariais e do cidadão, sobre produtos reaproveitados ou com conteúdo de materiais reaproveitados; incentivos às atividades de Logística reversa relativos à tributação, uso de transportes, energia, projetos de novas tecnologias, normatização das atividades permitindo qualidade assegurada; adequação de projeto do produto para o reaproveitamento (ecodesign), permitindo redução de custos e economias ecológicas; organização das operações de Logística Reversa dentro das empresas ou através de terceiras especializadas, além de incentivar a capacitação de seus funcionários para as peculiaridades inerentes; incentivar o uso de transportes de baixo custo para os produtos e materiais a serem reaproveitados (cabotagem, fluvial); entre outros aspectos.
Estas condições mínimas permitiriam um crescimento importante na contribuição da Logística Reversa e desta “economia circular” para o PIB brasileiro trazendo as mais virtuosas consequências para o pais.
Prof . Engº PAULO ROBERTO LEITE