Uma das perguntas mais frequentes que tenho escutado ultimamente é por que o tema “logística reversa” tem tido tanta visibilidade e interesse, por empresas, academia e sociedade em geral. Isso tem acontecido no Brasil, e em todo mundo, devido à enorme quantidade e variedade de produtos, com ciclos de vida cada vez mais curtos, que vão para o mercado visando satisfazer aos mais diversos segmentos.
Estes volumes crescentes de produtos e a profusão de modelos destinadas aos diversos e múltiplos micro segmentos de mercado tornam maiores as quantidades de produtos retornados, ou por retornar, não consumidos ou usados, exigindo de empresas e sociedade ações no sentido de equacionamento adequado deste retorno. Este equacionamento significa coletar os diferentes tipos de produtos ou materiais em suas origens, processar previamente quando necessário, armazenar consolidando-os em locais adequados em função da geografia econômica da região, selecionar os seus destinos de maneira a reaproveitá-los sob diferentes perspectivas e redistribuí-los a mercados originais ou a outros mercados denominados genericamente de secundários.
Os canais reversos de pós-venda, constituem-se do retorno de produtos ainda não consumidos, como nos casos de retorno da Internet, do varejo em geral por obsolescência ou pelo término da moda, retorno de pós-venda para assistência técnica, entre outros motivos. Estes canais reversos estão diretamente relacionados com a imagem de marca das empresas que os levam ao mercado apresentando maior preocupação e proximidade à estas empresas.
O exemplo mais recente é o do e-commerce no Brasil com um nível de vendas de cerca de R$ 45 Bilhões e crescimento de 20% a 30% ao ano, com uma taxa de retorno de 5% a 10% em relação às quantidades vendidas.
Embora existam muitas oportunidades de ganhos pela melhor gestão da Logística Reversa, as ações visando eficiência nas operações ainda podem ser consideradas exceções no mercado. As recentes mudanças na economia brasileira certamente obrigarão, empresas perspicazes, a buscar novas fontes de economia de custos e de diferenciação competitiva no mercado. É neste contexto que estratégias eficientes de Logística Reversa trarão relevantes resultados, evitando e corrigindo falhas nos processos envolvidos e recuperando valor das mercadorias que retornam do mercado.
As condições ou motivos em que o retorno foi gerado também são diversas, podendo ser geradas pelo consumidor, pela própria função da necessidade de manutenção do produto, devido a falhas operacionais. A identificação e classificação destes motivos são de vital importância para a eficiência da Logística Reversa, pois permitirão ao cliente a observação da recuperação das falhas eventuais garantindo sua fidelização e contribuindo para sua imagem empresarial.
A experiência profissional e pesquisas realizadas nesta área tem comprovado que as estratégias principais a seguir mencionadas, se aplicadas pelas empresas, resultam em enormes reduções de custos de Logística reversa, sabidamente altos e mais do que proporcionais aos custos logísticos e às quantidades retornadas. O retorno de produtos significa, além da perda correspondente no faturamento efetivo, um custo adicional de Logística reversa alto.
As quatro estratégias principais para a eficiência da Logística Reversa podem ser resumidas nos seguintes termos: “Diagnóstico e Classificação das causas de retorno”; “Organização Formal da área de Logística Reversa”; “Mapeamento dos Processos e Indicadores”; “Coordenação e Rastreabilidade Centralizada”.
Torna-se, portanto, recomendável que empresas dos diversos elos das cadeias de suprimentos, assim como os prestadores de serviços especializados, atentem para estas oportunidades de ganhos que a Logística Reversa oferece. A aplicação destas sugestões estratégicas comprovadamente trará resultados, muitas vezes ainda não considerados pelas empresas, perceptíveis por uma criteriosa investigação e descortinando novas fontes de lucratividade.
Resta lembrar que nem sempre a empresa terá condições próprias para o desenvolvimento de uma eficiente Logística Reversa ocasião em que se aconselha a terceirização de seus processos, desde os estudos iniciais até as operações propriamente.
Prof. PAULO ROBERTO LEITE
Autor do livro “Logística Reversa – Sustentabilidade e Competitividade” 2017 edit Saraiva
Prof Universitário - Presidente do CLRB - Consultor em Logística Reversa