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O PLÁSTICO CONTINUA SENDO O GRANDE VILÃO

Muito se tem falado sobre o problema dos plásticos como causadores de poluição, que possuem uma taxa de reciclagem de somente 8% no nível mundial, significando que 92% do que é produzido fica no meio ambiente, como já apresentados neste site ("Os Dilemas do Mercado e da Reciclabilidade de produtos e materiais reaproveitados". Recorde-se que canudinhos, sacolas, entre outros apontados ingenuamente pela mídia são somente uma ponta muito pequena do iceberg do problema mundial.


Sempre defendemos a ideia de que o “motor principal” da implementação da Logística Reversa nos diversos setores e países é o efeito avassalador e visível das enormes quantidades de produtos e materiais que vão ao mercado, e que naturalmente são descartados após uso. A Logística Reversa é a atividade que mitiga os efeitos nefastos ao meio ambiente dos materiais e produtos, através do equacionamento logístico de seu retorno, permitindo o funcionamento da Economia Circular.


Embora não seja o único material com dificuldades de reaproveitamento, o plástico é sem dúvida um dos maiores desafios atuais para a sustentabilidade ambiental pois, além das dificuldades inerentes ao seu baixo valor agregado após descarte, tornando a Logística Reversa correspondente muito cara, a reciclagem dos mesmos conduz a materiais com redução gradativa de propriedades, o que os tornam tecnicamente pouco interessantes, como já comentado em outros artigos nossos.


Empresas mundiais finalmente se deram conta do problema que afeta suas imagens, e de acordo com a notícia do Jornal a Folha de São Paulo (vide notícias no site) estão criando associações e investindo mundialmente em algumas direções para mitigar o problema. Os relatórios destas associações, ainda prematuros, aparentemente dirigem esforços em duas direções: aumentar o nível de reciclagem dos plásticos, através de acordos com organismos governamentais locais, e modificação de características técnicas dos plásticos atualmente fabricados, visando melhorar suas propriedades após reciclagem.


Estes objetivos são bem vindos pois o convencimento de que a responsabilidade de resgatar ou mitigar os efeitos dos plásticos sobre o meio ambiente é absolutamente das empresas, que auferem os lucros na comercialização dos produtos, e não da sociedade, à qual não deve ser pagar o ônus adicional de reparar estes efeitos.


Desta maneira quando não existe a integração dos custos de implementação da Logística Reversa, e de outras atividades mitigadores dos efeitos de produtos e materiais ao meio ambiente, será a sociedade que irá pagar por sua mitigação. Portanto quanto menor forem os custos acima citados mais competitivos serão os produtos da empresa, mesmo que de sejam empresas de naturezas diferentes.


Louvável a iniciativa destes grupos empresariais, embora tardia a meu ver, pois tanto na Europa como no Brasil existem legislações claras, e antigas, que tem sua implementação realizada de forma muito lenta, principalmente no Brasil. Portanto a atual sensibilização destes grupos empresariais pode sem dúvida ajudar, e muito, dando uma maior dinâmica para esses programas de reciclagem.


Não nos esqueçamos porém dos dois aspectos fundamentais já analisados em outros artigos deste site: o problema da reciclabilidade sequencial e a necessidade de mercado para os produtos reciclado. A questão da dificuldade de utilização dos plásticos reciclados pela perda de propriedades e o seu corolário que se traduz pela dificuldade de mercados para escoar os produtos de plástico reciclado.


PROF. PAULO ROBERTO LEITE

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