É difícil ter que admitir, para quem atua na área da Logística Reversa há muito tempo que, embora muito citada atualmente, ainda é pouco praticada ou implantada como atividade organizada nas empresas brasileiras.
A Logística Reversa tem sido citada constantemente no Brasil e no mundo, seja pela preocupação crescente com a sustentabilidade ambiental, através do equacionamento logístico do retorno dos produtos consumidos, ou usados, (Logística Reversa de pós-consumo), ou pela oportunidade de competitividade empresarial, no equacionamento do retorno de produtos não consumidos (Logística reversa de pós-venda).
O interesse crescente da Logística Reversa de pós-consumo nos últimos anos no Brasil decorre da promulgação da Lei nº 12.305 de agosto de 2010, denominada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece a responsabilidade das empresas da cadeia de suprimentos pelo equacionamento da logística reversa de resíduos sólidos.
Essa legislação impacta a visão empresarial sobre os seus produtos de pós-consumo, aproximando-a da realidade inevitável deste equacionamento, pelos efeitos nefastos desses produtos ao meio ambiente.
Percebe-se, portanto, a irreversibilidade para o cumprimento da PNRS e a premente necessidade de empresas se dedicarem com mais interesse e recursos a essa área extremamente fértil para as suas empresas, assim como o enorme potencial para empresas de serviços e de reaproveitamento desses resíduos.
No entanto, com raras exceções, a implantação da PNRS é lenta, mesmo em setores com acordos setoriais já firmados, e na maioria das empresas brasileiras a sua implantação sequer é cogitada, conforme pesquisa recente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), o que é lastimável.
Detalhamos algumas ideias, sem exauri-las, sobre estes riscos e oportunidades envolvidas com o retorno de produtos já consumidos ou usados:
Risco de ter sua imagem empresarial afetada por não acompanhar o mercado na prática de sustentabilidade ambiental, perdendo competitividade para as concorrentes mais perspicazes.
Oportunidade de se identificar para os stakeholders como empresa responsável ambientalmente e ter melhores condições a acessos de investimentos e ver suas ações nas bolsas de valores serem melhor apreciadas financeiramente.
Risco dos consumidores cada vez mais informados e sensíveis aos impactos que empresas causam ao meio ambiente preferirem aquelas que revelam estas preocupações através de ações e não somente com retórica.
Risco de ter seus produtos adulterados pelo uso indevido de componentes ou de uso de embalagens.
Risco de penalizações por não obediência à legislação pelos governos nas três esferas que se tornam cada vez mais exigentes.
Oportunidade de redução de custos ao utilizar produtos ou materiais reaproveitados além de possibilidade de utilização de marketing ambiental com grandes vantagens sobre concorrência.
Oportunidade para fabricantes participar direta ou indiretamente dos processos de reaproveitamento de seus produtos evitando que outras empresas o façam e reduzam o seu mercado.