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DESIGN DO PRODUTO PARA LOGÍSTICA REVERSA E ECONOMIA CIRCULAR


Após descartados os produtos, se adequadamente coletados e tratados, serão submetidos a processamentos diferenciados dependendo de sua natureza e possibilidades. Tendo em vista que estes processamentos são geralmente de custo não desprezível, torna-se necessário que esforços sejam feitos no sentido de melhorar constantemente as facilidades, permitindo que quantidades maiores de produtos descartados sejam reaproveitadas.

Em várias ocasiões fiz referência da importância de uma nova visão sobre o “projeto dos produtos” no sentido de adequá-los aos processos subsequentes visando o seu reaproveitamento eficiente e com custos adequados. A este cuidado chamamos de “projeto para Logística Reversa ou para a Economia Circular”, também conhecido como “design ecológico”.

Em alguns casos as alterações necessárias no projeto original do produto são relevantes, mas geralmente as modificações podem ser realizadas gradualmente à medida que o projeto original sofre alterações por força de sua vida mercadológica.

É, no entanto, de extrema importância atentar para o projeto orientado para este fim pois o futuro exigirá cada vez mais dos produtores. A astúcia mercadológica da empresa poderá se relevar ao utilizar as melhorias de adaptação de seus produtos como forma de ganhar simpatia e fidelização dos consumidores, visto que as ideias de sustentabilidade, economia circular, logística reversa, ESG, entre outras, cada vez mais estão sendo utilizadas na mídia em geral, e em particular na mídia mercadológica.

Leite (2003,2009,2017) lembra alguns importantes aspectos de um moderno projeto de produto visando aplicar os princípios de sustentabilidade a serem observados para melhorar custos e tempos de reaproveitamento, seja na Manufatura reversa (desmanche), na Remanufatura ou ainda na Reciclagem.


· O PRODUTO DURÁVEL DEVE SER FÁCIL DE DESMONTAR

O custo do reprocessamento de produtos duráveis como tv, computador, celular, móveis etc., é diretamente proporcional ao tempo e às operações de desmontagem. Dessa forma o cuidado no projeto para facilitar a desmontagem é vital para garantir um aceitável nível de reciclabilidade do produto. Vale citar que fabricantes se movimentam nesse sentido e temos notícia de ser possível e alguns casos desmontar todas as peças de um computador somente com uma chave de fenda!


· O PRODUTO DEVE CONTER A IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES OU COMPONENTES

Aspecto importante no caso de produtos duráveis, auxiliando a sua desmontagem, principalmente quando os produtos têm seus projetos alterados com frequência, para adequação ao mercado ou inovações tecnológicas. Produtos modernos têm seu projeto modificado várias vezes ao ano atualmente, além de apresentarem versões especificas para cada segmento de mercado, constituindo dessa forma uma variedade grande de produtos que chega às atividades de reaproveitamento.


· MANUAL DE DESMONTAGEM

Como corolário do item anterior este manual auxilia a desmontagem, evita desperdícios e acidentes durante os processos. O manual, tal qual um manual de montagem, facilita e reduz os tempos de operação, além de garantir segurança de diversas naturezas. Lembramos que produtos podem ter componentes e materiais constituintes com teor de periculosidade muitas vezes difíceis de serem substituídos e que deverão ser observados para segurança no seu processo de reaproveitamento.


· COMPONENTES E MATERIAIS COMPONENTES NÃO AGRESSIVOS

Este aspecto é quase tão obvio, mas é importante observar estes cuidados evitando danos. Os projetistas devem conhecer cada vez mais os materiais e o seu grau de periculosidade.


· REDUÇÃO NA DIVERSIDADE DE PLÁSTICOS CONSTITUINTES

O plástico tornou-se o material mais utilizado na constituição dos produtos, sendo muito comum fazer-se uso de diversos tipos em um mesmo produto, tais como o polietileno, polipropileno, PVC, plásticos de engenharia, PET etc. Durante os processos de reaproveitamento, normalmente reciclagem do material, é necessário separá-los, o que torna o processo mais caro.

Uma boa conduta no projeto do produto seria não misturar plásticos em uma mesma parte do produto ou pelo menos identificá-los pelos seus símbolos universais, facilitando sua separação.


· DURABILIDADE

Para estar de acordo com as ideias da Economia Circular e Sustentabilidade Ambiental preconiza-se que os produtos tenham maior durabilidade de forma a evitando a sua descartabilidade precoce. Sugere-se que os produtos sejam passiveis de manutenção e que sua venda seja substituída por locação, vendendo-se o serviço ao invés do produto.


· REDUÇÃO DE FIXAÇÃO OU SOLDAS

Nos componentes metálicos dos produtos é de boa prática para o custo operacional no reaproveitamento que haja uma redução nas juntas de soldas ou fixações coladas melhorando dessa forma os tempos de desmontagem

· REDUÇÃO DO USO DAS LIGAS OU MESCLAS DE MATERIAIS

Com raras exceções em que as ligas são utilizadas como tal no reaproveitamento do produto, como é o caso de latas de alumínio, chumbo de baterias entre outros exemplos, quando aproveita-se a liga sem necessidade de separação dos metais constituintes, deve-se evitar quando possível o uso destas ligas pelos óbvios motivos de sua separação.


Leite, Paulo Roberto – “Logística Reversa – S meio ambiente e Competitividade” , edit Pearson Education, 2003 e 2009.



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