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MERCADO PARA O PRODUTO REAPROVEITADO

Uma parcela dos produtos e materiais pós- consumidos são descartados pela sociedade sendo reaproveitada, de diferentes formas, gerando novos produtos e materiais que chamamos genericamente de “reaproveitados” e que serão negociados em um “mercado secundário”.

Um mercado é a ponta de uma cadeia de suprimentos cuja demanda constrói o fluxo dos produtos e de suas matérias primas, que deve ser lucrativa em todas as suas etapas, desde a matéria-prima até venda do produto.

Na inexistência de demanda ou lucratividade em uma das fases da cadeia de suprimentos desse produto o fluxo material cessa ou não se estabelece. Portanto, é necessário que o “valor “do produto no mercado seja atrativo em todos os sentidos, para gerar demanda lucrativa ao longo da cadeia de suprimentos, seja em cadeias diretas ou reversas.

Como sabemos, o mercado de produtos e matérias-primas reaproveitadas é ainda de pequeno tamanho, com níveis próximos a 5% quando comparado com a quantidade que vai para o mercado, motivando a enorme quantidade de resíduos em todo mundo.

Portanto, tudo precisa ser pensado no sentido de aumentar o mercado desses produtos reaproveitados, caso contrário não haverá fluxo reverso para compensar o caudal de produtos e materiais descartados pela sociedade.

Muitas são as restrições para esse mercado que contribuem negativamente para seu crescimento e, sem pretensão de exauri-los, relacionamos os que detectamos serem os mais importantes. Alguns já comentados em nossos artigos neste site.


· Conflito de interesses empresariais

No caso de remanufaturados o reaproveitamento pode ser feito pela própria empresa chamada de OEM (Original Equipment Manufacturer) ou OFE (Original Fabricante do Equipamento), que utiliza o produto ou componente ou o vende no mercado secundário com garantia de fabricante.

Empresas de remanufatura “independentes”, ou seja, sem relacionamento com os fabricantes originais, comercializam seus produtos no mercado secundário ou trabalham em sistema de terceirização para o fabricante original.

Relembremos que os custos de remanufatura são da ordem de 20% do custo de fabricação do produto original, porque parte importante dos produtos é reaproveitada, sendo, portanto, possível a sua venda por valores entre 50% a 70% do preço do produto original.

Evidentemente esta diferença de custos gera concorrência às empresas fabricantes originais que poderiam, como algumas mais astuciosas já o fazem, participar ativamente nos negócios de remanufatura, usando suas marcas e selos de qualidade, além disso reduzindo o preconceito empresarial e da sociedade.

As empresas independentes e as OEM normalmente se confrontam em mercados diferentes sendo de alguma forma concorrentes.

Por outro lado, no caso de matérias primas reaproveitadas ocorre, embora de forma menos intensa, uma concorrência com a matéria prima original, algumas vezes impedindo a sua reintegração na fabricação do produto. No entanto, salvo o caso de materiais metálicos, existem restrições técnicas que impedem o crescimento desse mercado.


· Concepção de produtos e processos = design

Já examinamos recentemente a importância de os produtos terem um design apropriado para a economia circular e a logística reversa de maneira a incentivar um mercado. Produtos que possam concorrer com os originais em performance e beleza.


· Novas legislações facilitadoras

Certamente legislações que facilitem a criação de negócios de reaproveitamento, que facilitem a tributação das atividades da economia reversa e da logística reversa, que incentivem as empresas produtoras a envolverem-se nos negócios e atividades, entre outras, aumentariam as quantidades processadas e demandadas pelas cadeias reversas.


· Redução de preconceitos sobre materiais e produtos reaproveitados

A redução de preconceitos empresariais e da sociedade somente acontecerá com produtos garantidos por institutos de qualidade. Insistimos na existência de preconceitos em muitos casos, embora a não utilização de reaproveitados pode também ser função da diferença de performance.


· Desenvolvimento técnico dos processos de reaproveitamento

A tecnologia utilizada nos processos de reaproveitamento de produtos e materiais em geral é muito precária quando comparada com aquelas dos produtos originais. Evidentemente este fato faz com que os custos, performance, entre outros aspectos sejam muito inferiores e tornem pouco rentáveis os negócios correspondentes.

A observação das atividades de reaproveitamento nos permite garantir, principalmente no Brasil, que poucos são os equipamentos ou linhas de produção modernas. Os processos manuais e artesanais ainda predominam e certamente não produzirão produtos competitivos.


· Melhorar as restrições técnicas para a utilização dos produtos e principalmente materiais reaproveitados

Com exceção aos metais em geral a reintegração de materiais reaproveitados, plásticos principalmente, é feita em pequena escala devido às restrições técnicas apresentadas. Importante o desenvolvimento de materiais que tenham aptidão a serem reintegrados em maiores quantidades, sem o que o mercado será sempre limitado.

Geralmente essa reintrodução é feita em peças de menor responsabilidade, em termos de segurança, ou em mistura com a matéria prima virgem. É o caso de tapetes na indústria automotiva, de peças secundarias setor de informática, em sacos de lixo, utilidades domésticas, eletroeletrônicos, embalagens em geral, entre outras possíveis.


É, portanto, necessário maiores esforços para aumentar estes mercados secundários e as possibilidades de reintegração de matérias primas secundárias sem o que não veremos melhora nos níveis de reaproveitamento. Acredito que no caso dos remanufaturados, com alto conteúdo metálico, este mercado deva aumentar pela observação do interesse de empresas fabricantes, mas nos demais casos ainda serão necessários muitos desenvolvimentos de materiais.


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